Um método pioneiro para a análise da função da tireóide, glândula que produz hormônios que controlam diversos órgãos humanos e interfere diretamente em processos como crescimento, ciclo menstrual, fertilidade etc, acaba de ser desenvolvido pelo médico Allan de Oliveira Santos para a sua tese de doutoramento, a ser defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Graças à nova abordagem, o paciente pode ser submetido ao exame a qualquer momento, sem a necessidade de um preparo relativamente prolongado, como ocorre no procedimento convencional. Para chegar a esse resultado, de caráter ainda preliminar, Santos substituiu o radiofármaco (contraste) usado tradicionalmente pela medicina nuclear no estudo dessa glândula por um outro empregado em avaliações cardiológicas. “O estudo demonstrou que o método é factível. Agora, estamos dando prosseguimento à pesquisa, para identificar se ele pode ser aplicado em condições normais de atendimento clínico”, afirma Celso Darío Ramos, orientador do pós-graduando e docente da FCM.
Estudo foi apresentado em congresso na Europa
A pesquisa conduzida por Santos, em conjunto com a professora Denise E. Zantut Wittmann da Disciplina de Endocrinologia da FCM, foi apresentada recentemente no Congresso Europeu de medicina nuclear, realizado na Finlândia, e acaba de ser aceito para publicação pelo European Journal of Nuclear Medicine, um dos mais prestigiados da área. “Felizmente, o trabalho tem repercutido bem junto à classe médica”, diz o autor. De acordo com ele, o exame convencional da tireóide, bastante antigo, é feito por meio da cintilografia com iodo radioativo ou um análogo. Este procedimento tradicional exige o preparo antecipado do paciente, o que requer períodos que podem variar de 15 dias a três meses. Nesse tempo, a pessoa tem que se submeter a uma dieta pobre em iodo, suprimindo alimentos como peixes, algumas verduras etc. Além disso, alguns pacientes são obrigados a suspender a ingestão de determinadas drogas. As mulheres, por sua vez, não podem pintar as unhas ou tingir os cabelos. “São cuidados que objetivam eliminar possíveis interferências nos resultados do exame”, explica o professor Darío. O radiofármaco alternativo usado no estudo de Santos, chamado sestamibi, empregado usualmente em exames cardiológicos, dispensa essa etapa. A substância, conforme o médico, é captada pela tireóide independente de o indivíduo ter feito uso ou não do iodo anteriormente. “Além de facilitar a vida do paciente, o novo método o desobriga de suspender uma eventual medicação importante, que poderia interferir no resultado do exame convencional”, explica o orientador da tese. Conforme o orientador da pesquisa, o trabalho do seu aluno foi estabelecer um padrão para o uso da sestamibi para a detecção do hipertireoidismo e do hipotireoidismo, doenças que, como as denominações sugerem, referem-se ao mau funcionamento da tireóide. A primeira ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, causando sintomas como tremores, palpitação, arritmias, emagrecimento rápido e aumento de apetite, entre outras. No segundo caso, acontece o contrário, ou seja, a tireóide passa a produzir hormônios em quantidade menor do que a exigida pelo organismo, ocasionando desânimo, redução de memória e raciocínio, alterações menstruais, ganho de peso e inchaço, para ficar em poucos exemplos. Para estabelecer a padronização, Santos valeu-se de três grupos de pacientes: um formado por indivíduos normais, outro por pessoas com hipertireoidismo e o terceiro com portadores de hipotireoidismo. O professor Darío explica que após a administração do radiofármaco, a tireóide capta o contraste em quantidades distintas, variando conforme a estado clínico de cada grupo. Assim, as glândulas com maior atividade absorveram mais o sestamibi do que a que as apresentam deficiência de funcionamento. O outro passo, completa o pós-graduando, foi estabelecer o melhor tempo para a realização do exame após a injeção o contraste. Santos estudou períodos que se estenderam até duas horas, mas o melhor prazo obtido foi de cinco minutos, segundo ele. De acordo com o professor Darío, a pesquisa do seu orientado abriu uma perspectiva importante para o uso da sestamibi em substituição ao iodo radioativo, com vantagens significativas para o paciente. Mas antes que isso ocorra, adverte, serão necessários novos estudos para comprovar se o novo método pode ser aplicado em situação de atendimento clínico. “Nós já demos início a esta segunda fase, inaugurando dessa forma uma nova linha de pesquisa na FCM. Os primeiros resultados se revelaram importantes, mas ainda é muito cedo para tirarmos qualquer conclusão definitiva. Entretanto, fica o desejo de que esse método traga novas contribuições à medicina nuclear”, afirma o especialista, que pertence ao Departamento de Radiologia da Faculdade.
Fonte: Reportagem de Manuel Alves Filho para JORNAL DA UNICAMP
Estudo foi apresentado em congresso na Europa
A pesquisa conduzida por Santos, em conjunto com a professora Denise E. Zantut Wittmann da Disciplina de Endocrinologia da FCM, foi apresentada recentemente no Congresso Europeu de medicina nuclear, realizado na Finlândia, e acaba de ser aceito para publicação pelo European Journal of Nuclear Medicine, um dos mais prestigiados da área. “Felizmente, o trabalho tem repercutido bem junto à classe médica”, diz o autor. De acordo com ele, o exame convencional da tireóide, bastante antigo, é feito por meio da cintilografia com iodo radioativo ou um análogo. Este procedimento tradicional exige o preparo antecipado do paciente, o que requer períodos que podem variar de 15 dias a três meses. Nesse tempo, a pessoa tem que se submeter a uma dieta pobre em iodo, suprimindo alimentos como peixes, algumas verduras etc. Além disso, alguns pacientes são obrigados a suspender a ingestão de determinadas drogas. As mulheres, por sua vez, não podem pintar as unhas ou tingir os cabelos. “São cuidados que objetivam eliminar possíveis interferências nos resultados do exame”, explica o professor Darío. O radiofármaco alternativo usado no estudo de Santos, chamado sestamibi, empregado usualmente em exames cardiológicos, dispensa essa etapa. A substância, conforme o médico, é captada pela tireóide independente de o indivíduo ter feito uso ou não do iodo anteriormente. “Além de facilitar a vida do paciente, o novo método o desobriga de suspender uma eventual medicação importante, que poderia interferir no resultado do exame convencional”, explica o orientador da tese. Conforme o orientador da pesquisa, o trabalho do seu aluno foi estabelecer um padrão para o uso da sestamibi para a detecção do hipertireoidismo e do hipotireoidismo, doenças que, como as denominações sugerem, referem-se ao mau funcionamento da tireóide. A primeira ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, causando sintomas como tremores, palpitação, arritmias, emagrecimento rápido e aumento de apetite, entre outras. No segundo caso, acontece o contrário, ou seja, a tireóide passa a produzir hormônios em quantidade menor do que a exigida pelo organismo, ocasionando desânimo, redução de memória e raciocínio, alterações menstruais, ganho de peso e inchaço, para ficar em poucos exemplos. Para estabelecer a padronização, Santos valeu-se de três grupos de pacientes: um formado por indivíduos normais, outro por pessoas com hipertireoidismo e o terceiro com portadores de hipotireoidismo. O professor Darío explica que após a administração do radiofármaco, a tireóide capta o contraste em quantidades distintas, variando conforme a estado clínico de cada grupo. Assim, as glândulas com maior atividade absorveram mais o sestamibi do que a que as apresentam deficiência de funcionamento. O outro passo, completa o pós-graduando, foi estabelecer o melhor tempo para a realização do exame após a injeção o contraste. Santos estudou períodos que se estenderam até duas horas, mas o melhor prazo obtido foi de cinco minutos, segundo ele. De acordo com o professor Darío, a pesquisa do seu orientado abriu uma perspectiva importante para o uso da sestamibi em substituição ao iodo radioativo, com vantagens significativas para o paciente. Mas antes que isso ocorra, adverte, serão necessários novos estudos para comprovar se o novo método pode ser aplicado em situação de atendimento clínico. “Nós já demos início a esta segunda fase, inaugurando dessa forma uma nova linha de pesquisa na FCM. Os primeiros resultados se revelaram importantes, mas ainda é muito cedo para tirarmos qualquer conclusão definitiva. Entretanto, fica o desejo de que esse método traga novas contribuições à medicina nuclear”, afirma o especialista, que pertence ao Departamento de Radiologia da Faculdade.
Fonte: Reportagem de Manuel Alves Filho para JORNAL DA UNICAMP
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