Câncer de Tireóide por Dr. Renato de Castro Capuzzo da SBCCP

1)Como o câncer de tireóide normalmente se apresenta?

A típica apresentação do câncer de tireóide é paciente feminino de 30 a 50 anos com um nódulo palpável cervical que representa um nódulo tireoidiano ou um linfonodo cervical. A freqüência em mulheres é duas vezes maior que nos homens. Quando o diagnóstico é feito, os nódulos tireoidianos são habitualmente de 1 a 4 centímetros e apresentam metástases linfonodais em um terço, mas raras vezes metástases a distância são encontradas. É pouco freqüente o câncer de tireóide estar causando rouquidão ao ser descoberto.

2) Quais são os tipos de câncer de tireóide? Quais são os mais comuns?

Os principais tipos de câncer de tireóide serão listados e os dois primeiros tipos são classificados como carcinomas bem diferenciados de tireóide :

Carcinoma papilífero: o mais freqüente e normalmente de boa evolução. Ocorre em 75 a 80% dos casos.

Carcinoma folicular: apresenta em geral boa evolução, ocorrendo de 10 a 15 % dos casos. Está incluído um subtipo que é o carcinoma de células de Hürthle, com freqüência de 3%.

Carcinoma Medular: apresenta pior evolução e menor chance de cura. Mais raro, ocorre em 3,5% dos casos.

Carcinoma Indiferenciado ou anaplásico: Quase sempre é fatal mas felizmente muito raro, acometendo até 1,5%.

3) O câncer de tireóide é comum?

O câncer de tireóide não é um câncer comum, ele representa 1 a 2% de todos os cânceres. Todavia é o tipo de câncer endócrino mais comum e é um dos poucos tipos de câncer que tem aumentado sua incidência com o tempo. Em parte, este fenômeno é explicado pelo aumento do diagnostico precoce através de exames de tireóide por outros motivos.

Estima-se que 18 em cada 100.000 mulheres desenvolvem câncer de tireóide no Brasil anualmente. A proporção de incidência entre homens e mulheres é 1 : 3.

4) Como se trata o câncer de tireóide?

Basicamente o tratamento é cirúrgico e consiste em realizar a tireoidectomia total. A cirurgia retira a glândula tireóide e resseca gânglios linfáticos adjacentes acometidos pelo tumor, o que se chama de esvaziamento cervical. No pós-operatório faz-se a supressão hormonal, que consiste em repor o hormônio tireoidiano com uma dose um pouco superior a necessária, com o intuito de diminuir a produção pela hipófise do TSH, um hormônio que estimula o crescimento do câncer de tireóide. O objetivo é deixar os níveis de TSH em um valor inferior ao nível normal.

5) Quais as complicações da cirurgia de tireóide?

Veja Orientações para os pacientes que farão cirurgia de tireóide

6) A radioterapia e a quimioterapia são usadas para o câncer de tireóide?

Raramente. O câncer de tireóide normalmente é pouco responsivo a estes tratamentos, mas algumas vezes são indicados em tumores avançados de tireóide.

7) Como é o tratamento com Iodo radioativo?

Quando o médico indica o tratamento com Iodo radioativo este só acontece após a cirurgia de tireoidectomia total. É necessário que o paciente esteja em hipotireoidismo e portanto só ocorrerá após cerca de 30 dias que o paciente está sem reposição hormonal tireoidiana. Há também uma rigorosa dieta a ser seguida e também é necessário evitar contato com qualquer substância que contenha Iodo em sua composição.

Para o tratamento é necessário internação hospitalar de 3 dias em regime de isolamento porque apos a ingestão da dose de iodo radioativo, são necessárias medidas para evitar a contaminação ambiental e de pessoas próximas, pois a radiação é eliminada pela pele, urina e fezes.

Felizmente este tratamento apresenta poucos efeitos colaterais e em geral são bem tolerados. Sensações como alteração do paladar e inflamação nas glândulas salivares podem ocorrer.

8) As chances de cura são boas?

Sim, cânceres de tireóide em estágios iniciais tem chance de cura maiores que 90%. Diversos estudos revelam que pacientes submetidos a tratamento de câncer bem diferenciado de tireóide tem até 95% de chance de estar vivos após 20 anos. Os pacientes que não apresentam boa evolução normalmente recorrem precocemente. Pacientes com metástases cervicais não tem uma chance maior de morrer pela doença.

9) Quais são os fatores que influenciam na evolução do câncer de tireóide?

Os fatores que influenciam negativamente na evolução do câncer bem diferenciado de tireóide são:

Pacientes com mais de 45 anos

Tumores maiores de 4 cm

Presença de metástases a distância

Presença de tumor que invade as estruturas adjacentes e não é totalmente ressecado

Alguns tipos mais agressivos de tumor.

10) O câncer de tireóide normalmente volta? Ele pode ser fatal?

Até um terço dos cânceres bem diferenciados de tireóide recidivam e retornam principalmente em gânglios (linfonodos) cervicais. Pode se passar até 20 anos para o câncer de tireóide reaparecer, por isso é necessário seu seguimento a longo prazo. Este seguimento envolve o exame físico cervical e exames laboratoriais como tireoglobulina (marcador tumoral), TSH, ultra-sonografia cervical, cintilografia de corpo inteiro, Raio X e Ressonância Magnética.

O câncer de tireoide pode ser fatal e normalmente isto ocorre quando os fatores da questão anterior ocorrem.

Estima-se nos EUA, cerca de 1490 pessoas morreram de câncer de tireóide em 2005.

11) Vou ter vida normal após o tratamento do câncer de tireóide?

Sim. Conforme já dissemos, as chances de cura são ótimas. Só será necessário a reposição hormonal sempre acompanhada pelo médico Endocrinologista ou Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Esta reposição não traz limitações para as atividades cotidianas e apresenta poucos efeitos colaterais.

12) Como posso saber se tenho câncer de tireóide?

Procure um médico Endocrinologista ou Cirurgião de Cabeça e Pecoço que avaliarão sua tireóide pela palpação e exame de ultra-sonografia para checar se você não apresenta nódulos tireoidianos.Se estes forem encontrados, pode ser necessário realizar um exame de punção aspirativa por agulha fina, que é a melhor forma de triar se um nódulo é maligno ou não.

13) O câncer de tireóide é hereditário ? Qual a sua causa?

Aproximadamente 5 a 10% dos casos de câncer de tireóide tem história semelhante na família. O carcinoma medular de tireóide pode esta associado a uma síndrome genética com forte componente hereditário familiar, chamado Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM) .

A principal associação de câncer de tireóide esta em pacientes que recebram radiação em suas glândulas tireóides. No desastre de Chernobyl e após a bomba de Hiroshima, apresentaram anos depois, uma incidência muito aumentada de câncer de tireóide nestes locais, principalmente em crianças.

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