A TIREÓIDE E GESTAÇÃO

Durante a gestação e o pós parto, as mulheres estão propensas a várias disfunções na glândula tiroidea.

HIPERTIROIDISMO

Hipertiroidismo Transitório Gestacional: Acomete de 2 a 3% das gestantes. Transitoriamente a mulher aumenta a secreção de hormônios tiroidianos, pois sua tiróide está sendo estimulada por elevados níveis de um hormônio produzido pela placenta b hCG (gonadotrofina coriônica humana). Os altos níveis de b hCG, além de provocar hipertiroidismo), também provocam a hiperemese gravídica (náuseas e vômitos exagerados). Acomete gestantes no final do primeiro trimestre (entre a 6a. e 16a. semanas gestacionais). Exame de sangue mostra T4 livre e b hCG altos. Regride espontaneamente.

Tratamento: Nem sempre a mulher apresentará manifestação clínica. Sintomas sugestivos de hipertiroidismo são encontrados em 50% das mulheres. Na maioria dos casos não é necessário tratamento. Em alguns casos é necessário tratar com drogas b-bloqueadoras (pindolol) ou até com drogas anti-tiroidianas, preferencialmente propiltiuracil (PTU). Revomenda-se não ultrapassar 300-400 mg de PTU por dia.

Hipertiroidismo Auto Imune (Doença de Graves): A mulher pode ter a doença antes de engravidar ou desenvolvê-la durante a gestação ou no período pós parto. No primeiro caso, o hipertiroidismo pré gestacional pode melhorar ou piorar com a gestação. O mais comumente observado é uma exacerbação do hipertiroidismo no primeiro trimestre de gestação, seguido de uma melhora nos 2o. e 3o. trimestres; e uma nova exacerbação no pós parto. Mulheres com hipertiroidismo mal controlado apresentam maior dificuldade para engravidar e maior chance de aborto. Freqüentemente, é difícil de se fazer o diagnóstico de hipertiroidismo desenvolvido ao longo da gravidez porque muitos sintomas são comuns em mulheres grávidas com função tiroidea normal e hipertiroideas: fadiga, palpitação, ansiedade, sudorese e intolerância ao calor. Suspeita-se de hipertiroidismo, nas gestantes que não ganham peso ou até emagrecem, apesar de aumento de apetite e de ingesta alimentar. Hiperemese gravídica com perda de peso, devem ser considerados indícios de hipertiroidismo. O controle adequado do hipertiroidismo é de fundamental importância para evitar complicações para o feto e para a mãe. Complicações obstétricas que podem ocorrer quando há controle inadequado do hipertiroidismo incluem: pré-eclâmpsia, má formações fetais, parto prematuro e fetos nascidos com baixo peso.

Tratamento: Tanto na gravidez quanto na lactação (pós parto), a primeira escolha é o propiltiuracil, na menor dose capaz de deixar os hormônios tiroidianos dentro do normal, ou seja, T4 livre próximo do limite superior da normalidade. A radioiodoterapia não é uma boa opção e a cirurgia é reservada para as pacientes que não puderam ter o hipertiroidismo controlado pelo propiltiuracil. Se for preciso realizar cirurgia (tiroidectomia), esta deve ser feita a partir do segundo trimestre de gestação.

HIPOTIROIDISMO

Hipotiroidismo Auto Imune ( Tiroidite de Hashimoto ): Aconselha-se que toda mulher dose seus hormônios tiroidianos logo ao saber que está grávida, e repita a avaliação a cada 2 ou 3 meses durante a gestação. O aparecimento do hipotiroidismo durante a gestação e o pós parto é freqüente; acomete de 2 a 4% das mulheres. Mulheres que já apresentam Tiroidite de Hashimoto antes de engravidar também devem dosar seus hormônios a cada 2-3 meses. Geralmente é necessário aumentar a dose da levotiroxina durante a gestação; o aumento médio necessário é de 50% da dose pré gravídica. É de vital importância que grávidas com hipotiroidismo estejam adequadamente tratadas (dose correta da levotiroxina = T4 livre e TSH normais no sangue) para que a gestação transcorra sem intercorrências e para o bebê nascer saudável. Mesmo quando o hipotiroidismo materno é extremamente leve (hipotiroidismo subclínico), especialmente no primeiro trimestre gestacional, observa-se nestas crianças maior incidência de desenvolvimento neurológico e intelectual prejudicado. Tratamento: Comprimidos de levotiroxina, na dose que mantenha T4 livre e TSH no sangue normais. Outras causas de hipotiroidismo:Alterações genéticas da tiróide, hipotiroidismo pós radioiodoterapia... O tratamento é o mesmo, com comprimidos de levotiroxina.

NÓDULOS DE TIRÓIDE

A gestação é fator de risco para o aparecimento de novos nódulos e o crescimento de nódulos antigos. Contudo, gravidez não é fator de risco para malignidade; ou seja, não há tendência de antigos nódulos benignos se tornarem malignos e nem é observada incidência maior de nódulos malignos em gestantes comparativamente a mulheres não grávidas. Conduta frente a um nódulo na gestante: Primeiramente deve ser realizada a biópsia aspirativa por agulha fina. Caso seja detectado um nódulo maligno no início da gestação, pode-se operar a partir do 2o. trimestre. Caso o diagnóstico se realize mais perto do fim da gestação, deve-se aguardar para indicar cirurgia após o parto. Não há piora do prognóstico do câncer de tiróide, ao se aguardar algum tempo pela cirurgia.

PROBLEMAS TIROIDIANOS NO PÓS PARTO

Tiroidite Pós Parto: Geralmente apresenta três fases. A primeira fase é de hipertiroidismo, quando devido a inflamação da tiróide, há liberação de hormônio tiroidiano para a circulação sangüínea. A mulher puérpera pode não apresentar quaisquer sintomas. Comumente aparece entre o 2o. e 3o. meses pós parto. A segunda fase pode existir ou não, é quando os níveis de hormônios tiroidianos no sangue estão normais. A partir do 3o. - 4o. mês pós parto o hipotiroidismo pode se desenvolver. Ele poderá ser transitório ou permanente.

Tiroidite de Hashimoto. Após o parto, há uma redução paulatina da dose de levotiroxina (que precisou ser aumentada durante a gestação) até a dose pré gravídica.

Hipertiroidismo: Doença de Graves. Após o parto, o hipertiroidismo tende a se exacerbar. Caso a mulher esteja amamentando, a dose de propiltiuracil deve ser a menor possível (de preferência até 300-400 mg/dia) para que a paciente fique com poucos ou nenhum sintoma de tireotoxicose e seus hormônios tiroidianos no sangue estejam em valores normais.

Fonte: Indatir

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