O teste do pezinho

Todos nós sabemos a ansiedade que cerca o nascimento do primeiro filho.
No caso de ser o primeiro neto, então, temos esta grande expectativa multiplicada por dois, sem contar os futuros tios e tias, amigos e conhecidos.
A futura mamãe faz o pré-natal adequadamente, segue todas as recomendações do obstetra, controla o seu peso, vê o bebê na ultra-sonografia e muitas vezes já sabe se é menino ou menina, embora centenas de milhares de casais deixem essa surpresa para o dia do nascimento.
Nascido o bebê, muitas famílias coletam o sangue do cordão, pois nunca se sabe o que o futuro nos aguarda.
O pediatra examina a criança e tudo parece estar perfeito, dentro do esperado. A mãe já leva a criança ao peito e uma nova vida se inicia com o debate de como vai se chamar o herdeiro ou herdeira. Já no terceiro dia de vida o pediatra diz que é necessário fazer o "teste do pezinho".
A mãe se sobressalta e pergunta: "Mas ele tem algum defeito no pé?". Nada disso. O teste do pezinho é o nome popular de um exame em que gotículas de sangue são coletadas do calcanhar do recém-nascido e absorvidas em um papel especial para análise de hormônios, substâncias químicas e hemoglobina. O objetivo é verificar se o recém-nascido é portador de alguma doença de cunho genético, hereditário.

Como surgiu esse importante exame

Os pediatras já sabiam que uma criança entre cada 3.000 nascidas vivas poderia ter doença genética afetando a tireóide ou o metabolismo de um aminoácido, a fenilalanina.
As conseqüências da falta de diagnóstico dessas duas enfermidades metabólicas têm um desfecho trágico: a criança não consegue maturar o seu sistema nervoso central e pode ficar com rebaixamento mental irreversível, ou seja, com dificuldade de aprender e de falar, às vezes com problemas de surdez e crescimento somático atrasado (não cresce, fica "baixinha" para a idade). Nada disso acontece quando o diagnóstico da falta de tireóide é feito logo nas primeiras semanas de vida e a criança toma o remédio -- um simples comprimido -- que lhe permite desenvolver-se normalmente e atingir maturidade normal do sistema nervoso central.
A dificuldade está em fazer o diagnóstico no recém-nascido, logo nas quatro primeiras semanas de vida.
São poucos os sinais e sintomas que caracterizam a falta de tireóide no bebê:

Criança muito quieta, que quase não chora, apresenta icterícia por muito tempo, tem hérnia do umbigo, não consegue sugar o leite materno, entre outros.

Embora o conjunto dos sintomas permitisse o diagnóstico, os médicos pediatras notavam que só entre o terceiro e o sexto mês de vida é que se descobria que a criança estava com falta de tireóide. Já era muito tarde: algumas anormalidades cerebrais seguramente estavam presentes de forma irreversível.
Em 1974, um médico canadense, Jean Dussault, introduziu a possibilidade de dosar hormônios da tireóide em uma gota de sangue absorvida em papel. Essa metodologia permite que a gota de sangue absorvida no papel permaneça estável, e torna possível enviar ao laboratório milhares dessas amostras, pelo correio, sem necessidade de resfriamento.

O teste torna-se realidade

O doutor Dussault testou 250.000 crianças nascidas no Canadá e detectou cerca de 600 casos de crianças com defeito na tireóide, todos prontamente tratados e hoje totalmente normais com a ingestão do comprimido diário de L-Tiroxina. No Brasil, o teste do pezinho começou com o médico Benjamin Schmidt, da Apae de São Paulo, em 1974. Hoje a Apae é um dos centros mais eficientes e de maior experiência na detecção de doenças neonatais.

Fonte: VEJA ONLINE - jan 2008

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