Citopatologia Aspirativa

Citopatologia das Efusões e Líquidos
Abrange exame citopatológico de líquidos provenientes de cavidade pleural, cavidade abdominal ou cavidade pericárdica, ou seja, os derrames e a ascite. Incluem-se também os derrames articulares.

A coleta é realizada pelo médico assistente, que remove o líquido indevidamente acumulado. O material coletado deve ser armazenado em recipiente, imediatamente refrigerado, mas não congelado. É optativo o uso de anticoagulante, que quando utilizado, deve ser a heparina. A elaboração de cell blocks, em casos de líquidos, é sempre indicada para minorar a grande dispersão celular. Recomenda-se, nesses casos, que a requisição médica contenha os dados principais do paciente, a história clínica relevante, além da solicitação de exame citopatológico (pesquisa de células neoplásicas) e do cell block.

O laudo é descritivo, definindo se a amostra é ou não satisfatória, qualitativa e quantitativamente. Valorizam-se os elementos celulares inflamatórios e não-inflamatórios, distinguindo-se os transudatos e os exsudatos, nesse caso especificando-se o elemento predominante e pesquisando-se a presença de células malignas.


Citopatologia do Liquor
Método complementar na avaliação neurológica.
A coleta do material deve ser realizada pelo médico que assiste o paciente, por meio de punção, mais freqüentemente lombar. O material aspirado, invariavelmente escasso, deve ser imediatamente enviado para o laboratório. Esse procedimento não deve demorar mais do que 1 hora, permitindo que seja processado o mais rápido possível.

O laudo é descritivo, identificando-se: hemorragias, meningites bacterianas e virais, infecções por fungos (Cryptococcus neoformans, blastomicose, histosplasmose), toxoplasmose, neoplasias primárias do sistema nervoso central (meduloblastoma, gliomas, astrocitoma, oligodendroglioma, ependimoma, tumores do plexo coróide e da crista neural), tumores hipofisários, linfomas, leucemias, meningioma (raramente diagnosticado pela citopatologia), tu mores metastáticos (primários do pulmão, mama, estômago, melanoma).

Citopatologia Aspirativa de Lesões e Órgãos
Possui sinonímias, como biópsia aspirativa de agulha fina, punção biópsia aspirativa de agulha fina e punção aspirativa de agulha fina. Devido a tal variedade de terminologias, esse exame citopatológico é, com freqüência, solicitado erroneamente como histopatológico. Sua aplicação teve início por volta de 1930, adquirindo, a partir de então, cada vez mais espaço nas investigações clínicas. É considerada uma técnica diagnóstica que, em casos de cistos, pode ser também terapêutica.

A punção aspirativa de agulha fina (PAAF) pode ser executada em consultórios ou em pacientes acamados em seus domicílios, não necessitando de internação hospitalar. É, portanto, menos onerosa, mais rápida e menos estressante. Considerada inócua, tanto que alguns autores atuais a apelidam de S.A.F.E. (Simple, Accurate, Fast, Economic), é o método de maior segurança para a obtenção de um diagnóstico morfológico. Possui sensibilidade e especificidade altas, com raros resultados falso-positivos. Substitui ou complementa as biópsias de congelação, amenizando o estresse intra-operatório diante de um diagnóstico e viabilizando o assentimento do paciente para uma terapêutica cirúrgica imediata mais radical.

A PAAF evita cicatrizes, que não constituem somente um problema estético, pois podem dificultar diagnósticos de imagem, como por exemplo a mamografia.

Especialmente indicada na investigação de lesões parenquima-tosas, nodulares, císticas, de localização superficial, acessíveis por punção, a PAAF igualmente apóia a investigação clínica de lesões viscerais mais profundas, desde que orientadas, simultaneamente, por diagnóstico de imagem.

As contra-indicações são restritas ao quadro clínico do paciente, e não propriamente a esse método diagnóstico em si. Deve-se evitar, por exemplo, uma punção prostática em pacientes com prostatite, assim como se evita uma punção tireoidiana em pacientes com tosse.

É raríssima a ocorrência de complicações decorrentes de uma punção de agulha fina. A freqüência de implantação tumoral do trajeto da agulha é menor que a provocada pelas core-biópsias, e, quando acontece, isso não altera o quadro clínico, a evolução da patologia nem seu prognóstico. Recomenda-se a punção com agulhas de menor calibre, cujo comprimento dependerá da profundidade da lesão a ser puncionada.

Chamamos a atenção para o fato de que o tamanho da agulha não é proporcional à qualidade da amostra. Ou seja, agulhas de maior calibre não significam melhor qualidade do material.

Na necessária e bem-vinda interação clínico-patológica, não deve haver constrangimento nem deve se considerar inabilidade de alguma das partes caso o material não se mostre absolutamente adequado para diagnóstico.
Medidas terapêuticas radicais não devem basear-se em achados citopatológicos somente, mas também nos quadros clínico, radiológico e histopatológico.

Não é necessário listar os sítios corporais passíveis de serem submetidos à punção aspirativa de agulha fina, uma vez que, como já citado anteriormente, essa pode ser aplicada a qualquer topografia onde a punção seja indicada para apoiar o diagnóstico.

Técnica da Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF)
A agulha é introduzida na lesão com a seringa em posição de repouso. O êmbolo da seringa é retraído, provocando a sucção na agulha. Com movimento de vaivém, mantendo-se o êmbolo tracionado, movimentar a agulha em diversas direções (tipo chuveiro). Para evitar a sucção do material puncionado para o interior da seringa, recolocar o êmbolo da seringa novamente na posição inicial ou de repouso. Retirar a agulha da lesão.

Transferência do Material da Agulha para a Lâmina
A agulha contendo o material puncionado é desconectada da seringa. A seringa é preenchida por ar, tracionando-se o êmbolo. A agulha é conectada à seringa novamente com o êmbolo tracionado. O aspirado é expelido na lâmina, previamente identificada com as iniciais do paciente.

Preparação do Esfregaço
O esfregaço do material semi-sólido puncionado é elaborado com a ajuda de outra lâmina colocada perpendicularmente, que é deslizada sobre a primeira. O esfregaço de material líquido é ela borado por meio do deslizamento da extremidade de outra lâmina, colocada obliquamente, como nos esfregaços hematológicos. Quando o material puncionado possui fragmentos de tecido, espalha-se o material com a ajuda de outra lâmina ou processa-se, como cell block. As lâminas identificadas devem ser imediatamente submersas no fixador.

Para o máximo aproveitamento do material puncionado, aspira-se uma pequena quantidade de soro fisiológico e, após agitar, coleta-se o lavado da agulha e seringa em recipiente, que deve ser imediatamente refrigerado, para elaboração do cell block.

As lâminas e o lavado do material puncionado devem ser entregues ao laboratório o mais rápido possível, não ultrapassando 3 horas desde a coleta até a entrada no laboratório. Devem ser acompanhados de requisição médica que contenha os dados principais do paciente e da história clínica, como idade, macroscopia e evolução da lesão. No pedido, requisita-se exame de punção aspirativa, e, no caso de haver lavado da agulha ou se o material é líquido, também a requisição do exame histopatológico especificando cell block.

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